O mosteiro de Santa Cecília renasce com a arte de Sean Scully
A Abadia de Montserrat conta com um novo espaço de arte de referência internacional: o Espaço de Arte Sean Scully, inserido no Museu de Montserrat, que alberga o conjunto artístico realizado por Sean Scully, pintor de origem irlandesa e residente em Nova Iorque, no interior da igreja românica de Santa Cecília de Montserrat, restaurada pela Junta de Barcelona. No interior da igreja, fundada no ano de 945, existem seis pinturas de grande formato, oito vitrais, três pinturas al fresco, um deambulatório de vidro, três cruzes de vidro e quatro candelabros, todos eles elaborados por Scully. O espaço conta também com um centro de interpretação introdutório dedicado à história de Santa Cecília e à arte de Sean Scully.
Sean Scully possui um estúdio em Barcelona desde 1944. Concebeu o projeto de Santa Cecília em 2005, conjuntamente com o P. Josep de C. Laplana, diretor do Museu de Montserrat, e a mediação do galerista Carles Taché. Com a intervenção artística de Sean Scully, Santa Cecília de Montserrat quer converter-se numa igreja que acolhe a arte de vanguarda de um artista abstrato de primeiro nível internacional. O projeto tem semelhanças com a Rothko Chapel de Houston, já que pretende proporcionar ao visitante um espaço sagrado silencioso, sossegado e aberto à contemplação, algo inédito no sul da Europa.
Com este espírito, o pintor irlandês concebeu um conjunto de obras abstratas. “A abstração é a arte espiritual do nosso tempo”, afirma Scully, representativas segundo o artista das diferentes manifestações da espiritualidade: a tragédia, a alegria, a paixão ou a beleza. A primeira das obras que Scully elaborou para Santa Cecília é Holly, uma interpretação pessoal das catorze estações da via-sacra, em memória da sua mãe. A obra atual, com o novo nome Holly-Stationes, é uma variação da primeira série, que Scully expôs no ano de 2004 na Kuntsverein d’Aichach (Alemanha).
No ano de 2010 pintou Cecília, dedicada à santa titular da igreja, obra que foi apresentada no verão de 2014 na igreja de Santa Maria de Cadaqués. Em 2015, Scully realiza uma segunda Cecília (Landline Cecilia), com umas cores e uns tons mais de acordo com a atmosfera jovial mediterrânica, num espírito pictórico que se estende às três obras de pequeno formato que têm por título Untitled. Por sua vez, o imponente tríptico Doric Nyx, situado na entrada do templo, distingue-se pela austeridade intensa e profunda do seu cromatismo. Scully quis acentuar com a gravidade dos tons a dimensão trágica da condição humana. Por isso, esta obra da série Doric leva o nome de Nyx, que é a deusa grega da noite. O conjunto artístico é complementado por uma pintura a óleo, a más terna e doce das que Scully elegeu para Santa Cecília, que pertence à série Wall of light (Barcelona Wall of Light Pink).
A intervenção enriquece-se com oito vitrais monocromáticos com cores muito características na obra de Scully (amarelo, vermelho e azul), um para cada nave da capela. O artista acrescentou três cruzes de vidro e quatro candelabros de ferro situados no espaço do altar (presbitério).
A outra grande novidade que oferece Santa Cecília de Montserrat são as três pequenas pinturas al fresco, com as quais o pintor quis ligar-se pessoalmente às origens medievais do templo. É a primeira vez que Scully pinta al fresco.